quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tesouro Direto perde terreno

  

Jornal da Tarde

05/08/2009

Número de interessados no programa de compra de títulos públicos pela internet caiu 43,3%

A queda nas taxas de juros esfriou a procura pelos títulos públicos. Balanço do Tesouro Nacional mostra que o número de novos investidores cadastrados no Tesouro Direto, programa que permite que pessoas físicas comprem esses papéis diretamente do governo na internet, caiu 43,3% de maio para junho, passando de 2.563 para 1.452 cadastros. Na comparação com junho do ano passado, o recuo é ainda maior: de 60,47%, quando foram inscritos 3.674 investidores. O dado de junho deste ano é também o mais baixo desde novembro de 2005, que registrou 1.169 inscrições.

Apesar dos números, os especialistas continuam a recomendar a aplicação como alternativa de diversificar os investimentos e para quem pode aplicar o dinheiro por, pelo menos, dois anos.

Andrew Storter, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), acredita que com a queda da taxa básica de juros (Selic) - 8,75% ao ano - e a inflação em baixa os investimentos no Tesouro Direto ficaram menos atrativos ao público, pois a maioria dos papéis são indexados a estes dois indicadores. "A tendência é se manter em baixa", afirma ele.

No auge da crise houve uma corrida dos investidores em busca de opções menos arriscadas, como os títulos de renda fixa. Em outubro de 2008 foram registrados 5.169 novos investidores no Tesouro Direto, 70% a mais que o cadastrado em junho deste ano. Passada a fase crítica, muitas pessoas se voltaram para outras aplicações. "Embora a crise ainda não tenha acabado, há um sentimento de que o pior já passou", afirma o diretor da corretora SLW, Robson Queiroz.

A poupança foi a aplicação que mais atraiu o investidor. Em junho, ela teve a maior captação líquida (diferença entre depósitos e saques) do ano: foram R$ 2,089 bilhões.

Quando a Selic cai, o juro cai para todos os investimentos. Mas, o que faz os títulos públicos ainda ficarem na frente de outros ativos de renda fixa são os custos menores. Tanto no fundo quanto no Tesouro Direto há cobrança do Imposto de Renda no resgate. A alíquota é regressiva e vai até 15% nos investimentos superiores a dois anos. Nos fundos há, ainda, o chamado come-cotas, cobrança do IR a cada seis meses. Nos títulos, a taxa de corretagem - valor cobrado pelas instituições para intermediar a venda - variam de zero a 0,5%. Nos fundos, as taxas de administração podem comer a rentabilidade. "A taxa de administração de 2% já está perdendo", afirma Silvio Campos Neto, economista do Banco Schahin.

As taxas menores do Tesouro Direto atraíram o investidor Keyler Carvalho Rocha, de 69 anos. Há um ano, Rocha investe em títulos prefixados (que o investidor sabe antes qual taxa vai receber) e pós-fixados. "A taxa de custódia compensa em relação às taxas de administração dos fundos. Por isso, preferi ficar nos títulos que são mais garantidos pelo governo", diz.

A dentista Helena Suzuki, de 38 anos, também prefere os títulos por causa dos custos. Ela iniciou a aplicação há dois anos com R$ 1 mil e acredita que o Tesouro Direto é um bom investimento para a aposentadoria. "Vejo que o rendimento é melhor que a poupança e estou fazendo como se fosse uma previdência."

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