segunda-feira, 6 de abril de 2009

Com os gastos sob controle é mais fácil juntar dinheiro

Jornal da Tarde
06/04/2009


Famílias que organizam o orçamento e eliminam os excessos, conseguem investir parte da renda, todo mês. Mas na hora de cortar, não exagere: gastos com lazer são necessários e não representam a maior parte das despesas

FABRÍCIO DE CASTRO, fabricio.castro@grupoestado.com.br

Como guardar dinheiro, se não sobra nada no fim do mês? Se você está acostumado a dar essa desculpa, saiba que o problema é com o seu orçamento. Famílias que mantêm as despesas sob controle conseguem investir parte da renda todo mês e formar um patrimônio ao longo dos anos.

No Brasil, as famílias costumam gastar as maiores fatias da renda com a compra de alimentos, o pagamento de aluguel e condomínio e as despesas com transporte. Isso vale tanto para quem mora sozinho quanto para os casais sem filhos ou com duas crianças (confira ao lado).

As porcentagens médias da renda comprometida com cada item também não variam tanto. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente aos anos de 2002 e 2003, os gastos com habitação, por exemplo, vão de 34,8% a 27,3%, dependendo do número de pessoas.

Esses parâmetros são importantes para quem deseja organizar o próprio orçamento. Afinal, se você compromete mais de 40% com as despesas de habitação, pode estar morando onde sua renda não permite ou gastando muito para manter a casa.

Para fazer um diagnóstico da situação da família, o primeiro passo é descobrir para onde vai o dinheiro. “Comece com uma caixa de sapatos. Jogue todas as contas dentro dela e, no fim do mês, analise os gastos”, recomenda o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro Casais inteligentes enriquecem juntos.

Mas não basta conhecer as despesas. É preciso eliminar o excesso. “Onde cortar é o grande desafio”, diz Cerbasi. “Há quem aconselhe a economia de luz e o corte de banhos, por exemplo. Mas tenho reservas quanto a isso.”

O mais indicado é verificar em quais itens os gastos realmente fogem do padrão. “Nos últimos anos, as pessoas estão gastando muito com alimentação fora de casa. Isso pode até ter alterado os parâmetros identificados pelo IBGE em 2002”, alerta a economista Sandra Biagioli, coordenadora do curso de finanças pessoas da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). “Para quem está gastando muito, uma dica é procurar fazer as refeições em casa e até levar comida para o trabalho.”

Também é preciso prestar atenção aos gastos com telefonia. “As pessoas estão comprometendo uma parte importante da renda com o telefone celular”, alerta a economista. Outro item importante a ser atacado são as dívidas. Gastos com juros de financiamentos prejudicam o orçamento.

Quando a situação fica difícil, o primeiro impulso das famílias é eliminar os gastos com lazer - justamente os que representam uma das menores parcelas do orçamento. A família fica em casa nos finais de semana, vendo TV - e fim de papo.

Para Cerbasi, a estratégia está errada. “O ideal é que a pessoa preserve os gastos com qualidade de vida”, defende. “Se ela vai à academia, deve continuar indo.”

É comum a família deixar o lazer em segundo plano, mas isso prejudica a relação em casa - e também aumenta os gastos. “O efeito psicológico é perverso. A pessoa corta o lazer e fica em casa, mas acaba consumindo mais com outras coisas”, diz Sandra.

O educador financeiro Mauro Calil, do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, sugere uma solução intermediária. “Se você tem dois filhos e vai com eles ao shopping, vai gastar muito dinheiro. Se for ao zoológico, vai gastar bem menos.”

A mesma lógica vale para o gastos com transporte. “Se estiverem altos, você pode trocar seu carro por outro e economizar 10%”, diz Cerbasi. Por que não?

O QUE FAZER PARA TER SOBRAS PARA INVESTIR, TODO MÊS

O primeiro passo é verificar se as despesas, isoladamente, estão dentro dos parâmetros médios. Se você gasta mais de 20% da renda mensal com o carro, por exemplo, é sinal de que os gastos com transporte podem estar exagerados

Ao quitar as dívidas - e não fazer outras - já é possível remanejar pelo menos 2% da
renda para os investimentos. Lembre-se de que os juros de financiamentos são altos.
É sempre melhor pagar à vista

As despesas com lazer são, geralmente, as primeiras a ser cortadas pela família. Mas elas são pequenas em relação ao total. O mais indicado é fazer as contas e cortar apenas o excesso

Despesas com vestuário também são pequenas - ou deveriam ser. Gastar mais de 5% com roupas, todo mês, pode ser um exagero. Uma dica importante é nunca parcelar as compras de roupas. Se você não pode pagar uma camisa à vista, desista da compra

Despesas com habitação são, para todas as famílias, as mais altas. Neste item estão incluídos, além do aluguel e do condomínio, os gastos com telefonia, TV por assinatura,
celulares, compra de eletrodomésticos e produtos de limpeza, entre outros. Para reduzir o peso da habitação sobre o orçamento, é aconselhável reduzir os gastos nestes itens

Se o aluguel e o condomínio,pesam mais de 30% , pode ser melhor mudar de casa. Este é um sinal de que o local onde você mora não é adequado à sua renda. As despesas com telefonia
também devem ser controladas

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