segunda-feira, 14 de julho de 2008

Educação financeira começa cedo

Jornal da Tarde
14/07/2008


Pais com desequilíbrios financeiros dão mau exemplo aos filhos. Mesada ajuda a formação

FABRÍCIO DE CASTRO,
fabricio.castro@grupoestado.com.br

Se você deseja que seus filhos sejam financeiramente responsáveis, é importante dar o exemplo em casa. Pais que levam uma vida desequilibrada - com direito a dívidas no cartão de crédito, cheques estourados e nome sujo na praça - são uma referência negativa para as crianças. A educação financeira, garantem os especialistas, deve começar desde cedo.

Embora não haja dados estatísticos a respeito, os casais desequilibrados acabam prejudicando a relação dos filhos com o dinheiro. Para o consultor financeiro Paulo Adriano Freitas Borges, alguns atos simples, como o pagamento de uma mesada, podem ajudar na orientação dos jovens. 'O fato de os pais pagarem uma mesada permite que os filhos tenham consciência do valor do dinheiro', ensina.

Mas nem sempre é fácil determinar quando os filhos devem receber mesada e qual é o valor justo. Outra dificuldade dos casais é conter a ansiedade dos filhos, numa sociedade cada vez mais consumista.

A psicóloga Lourdes Brunini, autora do livro Como entender e criar seu filho para a vida, dá uma dica simples: 'Não é não. Sim é sim. Mantenha esse princípio sempre.'

Segundo ela, os pais não podem ser dominados pelo desejo de consumo dos filhos. 'Não dá para ficar com o orçamento no vermelho apenas porque o filho quer um brinquedo novo toda semana', diz.

Lourdes explica que a relação da criança com o dinheiro está ligada ao seu desenvolvimento ao longo dos anos. Cabe aos pais orientar corretamente o filho (veja abaixo o que fazer). O desafio de educar o filho, segundo Lourdes, tem aumentado. 'O pai de hoje tem a consciência pesada por trabalhar fora. Por isso ele tenta suprir sua ausência com a compra de bens', afirma.

Situações delicadas

Borges explica que os pais nem sempre conseguem lidar com as situações do dia-a-dia. 'Existem distorções absurdas. Já ouvi um pai dizendo que não sabe o que fazer porque o filho vai ao shopping com R$ 20 no bolso e o colega dele leva R$ 200.' Em casos assim, afirma Borges, é preciso conversar com a criança. 'O pai pensa que não pode deixar o filho numa situação inferior à do colega. Mas quais são os valores que estão sendo passados para a outra criança?', questiona o consultor. 'Chame seu filho e mostre que os R$ 200 são um exagero, considerando as necessidades dele.'

O consultor financeiro Uriel Rotta, do Instituto de Organização Racional do Trabalho de São Paulo (Idort-SP), destaca a importância da rotina em todas as fases da vida. 'Deve-se orientar o jovem a sempre guardar uma parte do dinheiro que recebe. '

A relações públicas Patrícia Dornelas Camara, de 37 anos, incentiva a poupança entre os filhos Henrique, 17 anos, Gabriel, 15 e Ana Cecília, 11 . 'Sempre ensinei que não é preciso ter mesada, mas que é possível poupar.'

Patrícia dá dinheiro aos filhos de acordo com a necessidade. E eles também recebem dos avós. 'Não dou dinheiro por nota nem por eles terem passado de ano na escola. Isso é obrigação', afirma Patrícia, que procura dar o exemplo em casa. 'Se eu for esbanjadora com o dinheiro, o que a criança vai pensar?'

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