terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Janeiro é momento de risco

Jonal da Tarde
25/12/2007

IPTU, IPVA, seguros e gastos com escola pressionam o orçamento das famílias. Prepare-se

FABRÍCIO DE CASTRO, fabricio.castro@grupoestado.com.br


Falta uma semana para a chegada de 2008 e para o início de uma das fases mais perigosas do ano: a das despesas extras. Quem não estiver preparado para os gastos com Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro do carro, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e matrículas escolares pode ficar endividado pelo resto do ano.

Dependendo do padrão de vida da família, do número de carros e de filhos na escola, as despesas de janeiro aumentam até 100%. “É por isso que o mais indicado é utilizar de forma racional o 13º salário”, defende a economista Paula Meyer, do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove).

O problema é que, com o Natal, o desejo de consumir aumenta e nem sempre sobra dinheiro. A solução passa a ser o empréstimo em bancos que, muitas vezes, oferecem linhas específicas para o IPTU, o IPVA e o material escolar. “Não aconselho a família a tirar dinheiro do cartão de crédito ou do cheque especial, porque os juros são altíssimos”, alerta Paula.

Embora algumas despesas sejam inadiáveis, como a matrícula do filho na escola ou a renovação do seguro do carro, é possível remanejar as contas e diminuir a pressão sobre o orçamento. O consultor Sérgio Nardi lembra que, em São Paulo, o IPVA pode ser dividido em três vezes, enquanto o IPTU é pago em até dez meses. “Se você tiver que escolher, pague o IPVA e parcele o IPTU. Assim você divide a dívida em mais vezes”, afirma. “Recorra aos bancos no último caso.”

Para Nardi, a tranqüilidade da família em janeiro depende de planejamento. “A maioria das pessoas nem sabe quais são as despesas fixas da casa”, afirma. “E o básico do planejamento financeiro é uma conta de mais e de menos: o que entra e o que sai.”

A família deve, segundo os especialistas, monitorar os gastos e reservar uma parcela da renda. “Se sobrar dinheiro em caixa, ele ainda não é para o consumo. Você precisa ter certeza de que não terá que pagar contas”, diz Nardi.

A situação ideal é a da psicóloga Maria Eliane Bezerra Coelho, de 35 anos. Precavida, ela guarda dinheiro no mês de julho para gastar no começo do ano seguinte. “Tiro férias em julho e recebo a primeira parcela do 13º antecipadamente. Pego o dinheiro e aplico”, conta.

Com despesas mensais de R$ 3 mil, Maria Eliane vê as contas saltarem para R$ 5 mil em janeiro por causa do IPVA, da renovação do seguro do carro, da matrícula do filho de sete anos na escola e da compra de material escolar - um aumento de 67% nas despesas. “Se não reservar dinheiro em julho, acabo ficando louca.”

No caso de Maria Eliane, a matrícula do filho e o material escolar não pressionam tanto o orçamento, mas os livros didáticos são caros. “Compro sempre diretamente da editora para conseguir descontos maiores”, afirma.

Além de ficar tranqüila no início de ano, Maria Eliane faz questão de viajar. Com o planejamento, sobra dinheiro para isso.

Para grande parte das famílias, um dos maiores vilões é a matrícula em colégios particulares. Até a metade de dezembro as escolas divulgam os novos valores, já que são obrigadas a anunciar os reajustes pelo menos 45 dias antes do início das aulas. “Geralmente, o aumento fica acima da inflação”, confirma José Augusto Lourenço, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp). “Pelo que vimos este ano, eles variam de 5,5% a 11,5%.”

Lourenço explica que os preços levam em conta a inflação acumulada no período, o índice de inadimplência do setor (em São Paulo, ele chega a 15% em outubro) e a proposta pedagógica (estrutura e salários). “Como o aumento ocorre uma vez por ano, nós precisamos ter uma bola de cristal para prever tudo o que vai acontecer nos próximos meses”, justifica.

Se o valor parecer salgado, a família deve pedir desconto. “Não é comum que os pais recebam descontos, mas a família pode tentar”, diz Lourenço.

A jornalista Silvana Deolinda, de 28 anos, conseguiu bons resultados ao negociar com a escola da sobrinha, Iasmim Sampaio, de 9 anos.

A escola oferecia desconto de 20% na matrícula e nas mensalidades da primeira série, desde que os pagamentos ocorressem antes do dia 5 de cada mês. Como Iasmim passou para a terceira série, o índice caiu para 10%. “Mas eu briguei pelos 20%”, diz Silvana. “Não consegui tudo o que queria, mas me deram 15%.”

A matrícula de Iasmim e as mensalidades caíram de R$ 270 para R$ 229,50. “São R$ 40,50 a menos que fazem a diferença todo mês”, garante Silvana. “Sempre fui de brigar por descontos”, orgulha-se.

OS GASTOS E IMPOSTOS QUE VÃO PESAR NO BOLSO DA FAMÍLIA

IPTU - A Prefeitura de São Paulo divulgou na última semana as regras para o pagamento do imposto. Quem pagar o imposto em parcela única terá desconto de 6%. O contribuinte também poderá dividir o imposto em dez parcelas (de fevereiro a novembro), desde que a parcela mínima seja de R$ 50. Já o índice de reajuste será de 4%, menor que a inflação de 4,19% registrada desde o último aumento pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O
reajuste de 4% incide sobre o valor venal do imóvel, que é definido pela Prefeitura com base na localização do imóvel, na valorização da área e na infra-estrutura disponível. Em São

Paulo, a média de inadimplência do IPTU é de 3%. Cerca de 25% dos contribuintes pagam à vista. Em 2008, as contas de IPTU começam a vencer em 1º de fevereiro. Quem não receber o carnê até dez dias antes do vencimento deve pedir segunda via.

IPVA - A tabela que serve de base para o cálculo do imposto está disponível no site www.fazenda.sp.gov.br. Nela, estão os valores venais dos veículos no mês de setembro, que serve de base para o cálculo do imposto. O valor venal dos veículos é calculado pela

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que considera o preço médio dos automóveis no mês. Este ano, de acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado, houve uma redução média de 1,48% no valor venal, por conta da maior oferta de veículos usados. Proprietários de veículos de passeio pagam o equivalente a 4% do valor venal do veículo.

Contribuintes que quitarem o imposto em parcela única terão desconto de 3%. O valor pode ser parcelado em até três vezes. As datas de vencimento da primeira parcela e da parcela única vão de 9 a 22 de janeiro, dependendo do número da placa do carro. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 0800-170110

Matrículas escolares - Os valores devem ser definidos até 45 dias antes do início das aulas. O preço é livre nos colégios particulares, mas ficam
congelados durante 12 meses. Este ano, houve uma tendência de aumentos maiores em escolas de educação infantil e de ensino fundamental, de acordo com o sindicato do setor. Um dos fatores para a definição de preços é a inadimplência: historicamente, em outubro ela chega a 15% no Estado. Como as escolas são proibidas de fazer vários aumentos, elas geralmente trabalham com margens altas. Em caso de inadimplência, no entanto, elas não podem
interromper o serviço prestado

Material escolar - O Procon-SP divulga todos os anos, em janeiro, uma lista de preços cobrados em papelarias de São Paulo. Além de comparar os valores,o consumidor deve verificar na escola se todos os materiais pedidos serão realmente usados

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