segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nova queda dos juros: quem ganha é a poupança

Com a taxa básica da economia em 8,75%, está mais difícil ganhar com fundos de investimento DI e renda fixa

Jornal da Tarde

27/07/2009

PRISCILA DADONA, priscila.dadona@grupoestado.com.br

Em um cenário de juros menores, quem tem até R$ 5 mil disponíveis para investir encontra na caderneta de poupança a melhor opção. O JT pesquisou os sites dos nove maiores bancos do País e descobriu que não existe fundo de investimento Renda Fixa ou DI (que seguem as taxas de juros) de varejo disponível que aceite aplicação neste valor e cobre taxas de administração abaixo de 1,5% ao ano.

Os fundos que aceitam aplicações mínimas de R$ 5 mil para baixo cobram taxas de administração em geral, acima de 3% ao ano. Somadas ao Imposto de Renda obrigatório, as taxas afetam a rentabilidade dos fundos que, com isso, têm ganhos menores que os da caderneta de poupança, isenta de taxas e impostos.

Dos 145 fundos abertos para captação disponíveis nos portais dos bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Santander e Unibanco), 39 cobram taxas de administração iguais ou menores que 1,5%. No entanto, os fundos com taxas menores e que poderiam dar maior retorno só aceitam ingressos acima de R$ 50 mil (veja quadro).

O levantamento apurou também que existem fundos que aceitam aplicação de R$ 50, porém, as taxas não saem por menos do que 3%. Outro dado interessante é que clientes "preferenciais" com renda acima de R$ 5 mil conseguem aplicar valores menores em fundos com taxas de administração mais baixas. Ou seja, muitas vezes vale mais o relacionamento com o banco do que o valor disponível para aplicação.

Simulação feita por Luiz Jurandir Simões, consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), a pedido da reportagem, mostra que um fundo DI com taxa de administração de 1% hoje já perderia para a poupança. Com a taxa básica da economia (Selic) a 8,75%, este fundo renderia 0,49% ao mês, após o desconto da taxa e do IR de 20%. Já a caderneta ganharia em média 0,55% no mesmo período (veja quadro).

Vale lembrar que o imposto cobrado nos fundos são regressivos e que para pagar a menor alíquota (15%) é preciso manter o dinheiro aplicado por, no mínimo, dois anos. Na poupança não há custo e nem imposto, mas o investidor também deve ficar atento à data de aniversário da aplicação.

O que fazer?


Para Simões, o investidor que quer ganhar da poupança tem duas alternativas: ou junta um montante maior e aplica num fundo com taxa mais baixa ou aplica diretamente nos títulos públicos do governo. "O Tesouro Direto é uma ótima opção", afirma. Neste caso, pode-se fazer a aplicação diretamente por meio do site do governo federal.

Reinaldo Zakalski, administrador de recursos de terceiros da BI Investimentos, acredita que o investidor que quer poupar e possui até R$ 15 mil deve preferir a caderneta. "Para quem ainda está formando um valor, a poupança é uma boa alternativa", acredita.

Segundo o especialista, o aplicador de um fundo DI muitas vezes investe na modalidade por comodidade. "Dificilmente um investidor destes fundos quer poupar por um prazo muito longo."

É o caso do dentista Carlos Eduardo Miranda, que não sabe dizer o valor da taxa de administração do fundo DI no qual aplica há quatro anos. Apesar de ter consciência que, com a queda dos juros, os fundos podem perder para a poupança, prefere deixar seu dinheiro onde está "enquanto isso vai rendendo". A primeira aplicação do dentista foi de R$ 70 mil para a aquisição de uma casa, mas atualmente possui cerca de R$ 11 mil em um fundo DI.

O movimento de redução nas taxas de administração dos fundos de varejo já começou. O pioneiro foi o Banco do Brasil, que cortou, na última sexta-feira , as tarifas de cinco fundos (dois DI e três de renda fixa). Além disso, o BB reduziu a aplicação inicial em 17 carteiras.

Outros bancos como Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC e Caixa Econômica Federal também já reduziram os valores dos ingressos iniciais em alguns de seus fundos e também estudam reduzir as taxas de administração.

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