segunda-feira, 15 de junho de 2009

Nova tranche da Bradespar terá aplicação de R$ 1 mil

Debêntures: Oferta será em duas séries, com vencimentos em 1 e 2 anos e remuneração limite de 112% e 115% do CDI; apresentação a investidores vai até 4ª feira.

Valor Econômico

Por Adriana Cotias, de São Paulo
15/06/2009
 

   

Com o sucesso da sua oferta de debêntures simples (não conversíveis em ações) no início do ano, a Bradespar não demorou a voltar ao mercado. Nesta semana, a companhia de investimentos do grupo Bradesco faz uma rodada de apresentações com investidores para uma nova tranche de papéis, em duas séries, numa captação que pode alcançar os R$ 800 milhões. Apesar de não haver um esforço de venda específico para o varejo, o valor unitário, de R$ 1 mil, torna a emissão acessível a esse público. O Bradesco Banco de Investimento (BBI, como líder) e o Espírito Santo Investment coordenam a operação.

As apresentações aos potenciais investidores começam hoje e terminam na quarta-feira e a fixação do preço dos papéis está prevista para 1º de julho - a liquidação será só em 13 de julho. O retorno final dependerá do processo de "bookbuilding", leilão que cruza as taxas propostas em diferentes condições de demanda. A primeira série, com vencimento em 361 dias, tem remuneração limite equivalente a 112% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), enquanto a segunda, com prazo de 721 dias, de 115% do indexador.

 

 

Na colocação de debêntures concluída em janeiro, de R$ 610 milhões, a Bradespar garantiu retorno de 125% do CDI aos investidores. Em pleno estresse internacional, com dúvidas sobre a solvência do setor financeiro no mundo desenvolvido, as condições de mercado eram outras e o crédito externo estava totalmente fechado. Mesmo fazendo as apresentações aos potenciais compradores no período de festas, entre o Natal e o Ano Novo, a demanda superou a oferta em dez vezes e faltou papel.

Com ativos de R$ 10,7 bilhões, entre os analistas do mercado de capitais é recorrente a avaliação de que comprar ações da Bradespar na Bovespa é adquirir Vale com desconto. Isso porque 98% do investimento da empresa está numa participação indireta da mineradora e outros 2% na CPFL Energia. A vantagem é que debêntures são papéis de renda fixa e, se levadas até o vencimento, não estão sujeitas às variações na bolsa, mas o comprador tem de estar confortável com o risco de crédito corporativo. Em contrapartida, no Brasil, como não há um mercado secundário ativo para títulos de dívida privada, se o investidor precisar do dinheiro antes do resgate pode não encontrar condições promissoras.

Os recursos captados com a operação corrente serão utilizados para quitar notas promissórias emitidas em janeiro e para recompor o caixa da companhia.

Como detém 9,3% do capital votante da Valepar (a controladora da Vale) e compõe o bloco de controle, a Bradespar participa ativamente das decisões da companhia. Na CPFL Energia, detém 5,3% do capital total. Em maio, a empresa vendeu 16,6 milhões de ações da CPFL, auferindo com a operação R$ 531 milhões, usados para amortizar quase a totalidade das debêntures emitidas em janeiro. Na prática, com a oferta atual, a Bradespar está alongando o perfil do seu endividamento e com um custo mais favorável.

As oportunidades para o investidor que não precisa de liquidez em renda fixa não param por aqui. Só neste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou ofertas de R$ 5,1 bilhões em debêntures e há mais R$ 2,8 bilhões no forno. O setor elétrico puxa a fila, com nomes como CPFL Energia, Elektro, Light, Coelce, CPFL Paulista e Rio Grande Energia . Há ainda emissões programadas da Lupatech e do Pão de Açúcar. Até agora, a maior colocação foi a da Telemar Norte Leste (Oi), de R$ 3 bilhões, que contou com um pool de distribuição e esforços dirigidos ao público de varejo.

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